Ele é considerado o Puma miniatura do reino dos gatos de estimação. Não é difícil imaginar o porquê. Repare na foto maior.
O corpo com musculatura bem definida, a pelagem curta e, sobretudo,
a cor (chamada de ruddy, a mais comum dessa raça) e a peculiar marcação batizada de ticking,
caracterizada pelo efeito pontilhado gerado pelos fios que mesclam faixas em tons claros e escuros,
o tornam realmente semelhante ao grande felino selvagem. "O Puma tem exatamente essa coloração e essa marcação",
comenta a criadora Márcia Rizzi, do gatil Sathya, de São Paulo. O Abissínio não só está entre os poucos gatos domésticos
com padrão ticking de pelagem como é o único que o combina com outras características físicas que remetem ao Puma.
O visual ímpar lhe é vantajoso. "Raças de pêlo curto muitas vezes não são devidamente valorizadas por serem associadas
a gatos vira-latas, mas o Abissínio escapa desse estigma", observa o criador Ricardo Ferreira, do gatil Abcoon, do Rio de Janeiro.
"É impossível ver um Abissínio e confundi-lo com um gato sem raça definida", concorda Márcia.
A origem da sua especial aparência não é certa. Acredita-se que a raça tenha se desenvolvido naturalmente em regiões da costa do Oceano Índico e em partes do Sudeste da Ásia.
Sua semelhança com felinos desenhados em templos de Núbia, no Egito, e com exemplares mumificados encontrados em tumbas datadas de 2.000 a.C.
levam a crer que ela descenda dos gatos sagrados do antigo Egito, do qual a Abissínia era próxima. Seja como for, o Abissínio como conhecemos hoje foi aprimorado na Grã-Bretanha.
Teria sido levado para lá por soldados ingleses que retornavam da Guerra da Abissínia,
ocorrida de 1867 a 1868. No início do século 20, exemplares da raça foram exportados para os Estados Unidos, dando início à criação oficial fora do domínio britânico.
No Brasil, embora não haja registros precisos, tudo indica que a chegada da raça data da segunda metade dos anos 70.
"Em 1979, ganhei um casal de exemplares já adultos de um rapaz que os trouxe dos Estados Unidos",
conta a ex-criadora Anne Marie Gasnier, fundadora da primeira entidade nacional do segmento, o Clube Brasileiro do Gato, inaugurado em 1972.
"Antes disso, não havia notícia da existência do Abissínio no País", assegura.
POPULARIDADE
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Apesar de não estar entre os gatos mais criados do mundo, o Abissínio garantiu seu espaço nas gatofilias mais avançadas.
Na Grã-Bretanha, segundo os dados da Governing Council of the Cat Fancy (GCCF), principal entidade britânica do segmento,
a raça se mantém há vários anos entre as 15 que mais registram filhotes anualmente.
Nos Estados Unidos, sua popularidade é ainda mais significativa. No maior órgão gatófilo norte-americano, a Cat Fanciers' Association (CFA),
o Abissínio é há pelo menos seis anos consecutivos a 5 a raça em número anual de nascimentos declarados.
E na segunda maior entidade, a The International Cat Association (Tica), ocupa desde 1999 a 9 a posição.
Em solo verde-amarelo, já não é novidade, as organizações da gatofilia não disponibilizam seus registros de maneira sistemática,
o que inviabiliza análises precisas sobre a evolução das raças no País.
De concreto, o que se sabe é que há seis anos havia um único gatil de Abissínios em atividade.
Hoje, há pelo menos cinco: o Sathya, em São Paulo; o Abcoon e o Bright Moon, no Rio de Janeiro; o Bungalow, em Belo Horizonte, e o Svasti Aby, no Maranhão.
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