|
|
|
|
|
O
gato nacional precisa de uma força para expandir a sua criação
no Brasil e ocupar um bom espaço no mundo. Vamos participar?
epois de o nosso gato de rua ter sido reconhecido, em 1988, como Pêlo
Curto Brasileiro pela Federação Brasileira do Gato e de ser registrado
internacionalmente, desde 1998, como Brazilian Shorthair pela World Cat Federation
(WCF), precisa agora de mais gente trabalhando por ele.
Boas características para a expansão não lhe faltam.
Se em nosso país ele é um gato comum, visto na rua e em lares,
no exterior o Pêlo Curto Brasileiro é uma raridade. E o melhor
de tudo: conquista apreciadores.
Muita gente que toma conhecimento dele elogia a interatividade e a sociabilidade,
qualidades das mais valorizadas nos pets modernos.
São destacados também a esperteza, o equilíbrio das formas
evocando um gato de origem natural, bem como a praticidade dos cuidados proporcionada
por sua pelagem curta, que necessita de pouca escovação, e pela
saúde resistente.
"Adorei o temperamento dócil e amigável da Brazilian Shorthair
Tigresa, quando a vi na Exposição Mundial de Barcelona, em 2001,
tanto que agora estou com uma filha dela, a Tirana, dócil e charmosa
como a mãe", conta a criadora espanhola Helia Tresseras, de Calella,
próximo a Barcelona.
"A personalidade e a energia do Brazilian Shorthair conquistam quem o conhece
- trata-se de uma gato que gosta de fazer companhia e com esperteza acima da
média", elogia a norte-americana Donna Anthony, de Nova York, primeira
criadora internacional da raça e dona de cinco exemplares.
"Quando vi um Brazilian Shorthair pela primeira vez, numa exposição
que vim julgar em dezembro passado, no Rio de Janeiro, gostei de ver o comportamento
sociável da raça e o físico bem-proporcionado, evocando
a origem natural - e espero que ninguém mude a aparência desse
gato", comenta o alemão Hans-Joachim Schultz, juiz internacional
de todas as raças.
"A exclusividade do Brazilian Shorthair é combinar de forma perfeita
a expressividade e a aparência harmoniosa com uma personalidade marcante,
ativa, inteligente e especialmente amigável com pessoas", resume
Yanina Melnikova, da Rússia, juíza de todas as raças da
WCF.
MAIS
CRIADORES
|
Estamos
na fase de implantação do Pêlo Curto Brasileiro.
Ainda é permitido acasalar exemplares originários das ruas,
justamente porque a quantidade de gatos disponível nos gatis é
escassa para garantir a auto-suficiência de uma boa criação.
"Somos atualmente cerca de meia dúzia de criadores dedicados
ao Pêlo Curto Brasileiro, totalizando um plantel aproximado de 40
exemplares", estima Sylvia Roriz, a mais antiga criadora de Pêlo
Curto Brasileiro em atividade, dedicada à raça há nove
anos e presidente da Confederação de Felinos do Brasil, entidade
ligada à WCF. |
|
O
principal esforço da criação pioneira é fixar
nos gatos as características físicas ideais descritas no padrão
oficial.
Para incorporar um exemplar de rua ao programa de criação
do Pêlo Curto Brasileiro é preciso, antes de mais nada, procurá-lo
cuidadosamente.
Apenas a minoria dos exemplares que vivem soltos reúne as qualidades
desejadas, tais como orelhas bem em pé, pêlo rente ao corpo,
cara comprida e rabo fino e longo.
"Nas ruas da cidade do Rio de Janeiro, onde gatos de várias
raças convivem com o nosso tradicional vira-lata há décadas,
só um em cada 20 exemplares tem as características procuradas,"
estima Sylvia. |
Já em regiões onde a presença de gatos de origem estrangeira
é menor, como no Nordeste e no Norte do país, a pureza racial
do gato de rua aumenta.
"Acredito que nos arredores de Salvador um ou dois gatos de rua, entre
cada dez, tenham qualidade para serem aproveitados na criação
oficial", calcula Rodrigo Araújo, diretor genealógico da
Confederação Nacional dos Criadores de Gatos, de Salvador, associada
à WCF.
Obtido
o bom exemplar, é preciso que seja levado a uma exposição
e avaliado por um ou dois juízes, dependendo do regulamento da confederação.
Só depois disso, o exemplar poderá receber registro inicial (o
registro definitivo só é dado a ninhada com três gerações
seguidas, cada qual com pelo menos um dos pais com registro definitivo)
"Quando se começa a aproveitar um gato sem pedigree na criação,
convém acasalá-lo com um de seus filhos ou acasalar dois dos filhos
dele para saber se carregam ou não genes de outras raças",
comenta Sylvia.
"Se nascerem gatinhos com marcação típica do Siamês
ou com pêlos semilongos, herança de raças peludas, o reprodutor
é tirado do programa de criação para não prejudicar
futuras gerações", conta Sylvia.
Deixar de aproveitar exemplares que transmitem genes de mestiçagem, depois
de ter sido investido tempo e dinheiro neles, exige paciência e perseverança
dos criadores pioneiros.
É preciso também estar financeiramente pronto para bancar a criação
de Pêlo Curto Brasileiro nessa etapa.
Não é fácil conseguir compradores para os filhotes cuja
aparência é uma réplica dos gatos de rua, tão fartamente
encontrados de graça, para adoção.
"Como é raro alguém se dispor a pagar por um Pêlo Curto
Brasileiro com pedigree, o criador não consegue cobrir os custos de criação
com seu trabalho", explica a ex-criadora de Pêlo Curto Brasileiro
e médica-veterinária Vera Gama Barbosa, proprietária do
Gatil Maktub, que castrou suas quatro reprodutoras e as mantém como gatas
de estimação.
Mas mesmo sendo escassa a clientela, às vezes aparece comprador.
"Nos nove anos de criação de Pêlo Curto Brasileiro,
vendi cinco exemplares da raça no Brasil, todos para companhia, a preços
que equivalem hoje a cerca de 500 reais", revela Sylvia.
DIVULGAÇÃO
|
Com
entusiasmo, os apaixonados pelo gato nacional não apenas criam, mas
também aproveitam oportunidades para divulgá-lo.
É o caso do selo com a imagem do Pêlo Curto Brasileiro, lançado
pela Empresa Brasileira de Correios em 1998, numa série sobre raças
brasileiras.
"Desde 1996 batalhei por isso entrando em contato periodicamente com
a administração dos Correios", resume Sylvia.
Outro exemplo é o das máscaras de cerâmica com cara
de gato, um brinde dado pela empresa Royal Canin do Brasil em 2002 a compradores
de dois quilos de qualquer alimento Royal |
|